sexta-feira, 19 de abril de 2013

Redução da maioridade penal? Reflita!


(Texto escrito originalmente em 15/04/13)

Jogar menores em uma cadeia com adultos já formados psicologicamente só vai ajudá-los a ficar ainda piores do que já são. Há que se ter uma politica governamental que realmente auxilie na ressocialização destas pessoas lá dentro e principalmente aqui fora.

Por que não obrigar a todos os que estão presos a aprender um ofício dentro da cadeia (com o salário revertido em ajuda às famílias e em melhorias dentro da própria cadeia)?

Porque não obrigá-los a estudar lá dentro? Isso não deveria ser opcional, deveria ser obrigatório, haja vista que a educação é a única forma de mudar as coisas.

Eis duas formas de punir. Força-los a fazer o que não quiseram ou não puderam aqui fora.

As coisas muitas vezes não são tão fáceis de resolver.
Quando se pensa em colocar um menor infrator numa cadeia comum se pensa apenas em mascarar o problema, tirar de perto de você e colocar onde ninguém possa ver.  Como esquecidos de uma sociedade hipócrita que finge não saber que um dia eles estarão de volta as ruas ainda piores.

Além disso, quanto mais se diminuir a maioridade penal, pessoas cada vez mais jovens serão cooptadas pelos crime. Nada muda! Hoje serão os de 16 anos, amanhã os de 12. E ai, faremos o que? Mataremos todos eles?

É preciso melhorar o sistema carcerário, as politicas públicas, a educação e a forma de lidar com os menores infratores e com os criminosos de forma geral.

Se livrar temporariamente do problema é que não resolve em nada a situação.

A dor e a delícia de ser como é

(Texto escrito originalmente em 07/04/13)

O assunto homofobia me indigna tanto porque eu acho um absurdo alguém se achar no direito de usar de violência física, verbal e intelectual contra alguém ou de negar seus direitos, simplesmente pelo fato do outro ser como é.


Ninguém escolhe ser gay. Isso é CONDIÇÃO!
Sentir sua pele arrepiar, seu coração disparar, seus olhos brilharem e seu desejo despertar não é ensinado por ninguém, você sente isso por essa ou aquela pessoa e ponto. É tão simples!

Além disso, será q sofrer preconceito, apanhar na rua, ver gente olhando de rabo de olho e ser rejeitado pela família é a uma moda que alguém queira seguir?
Não! Definitivamente não acredito que isso seja uma simples escolha deles.

Eu não escolhi gostar de homens, eu simplesmente gosto.

Aliás, respeito e não me sinto no direito de questionar o modo de ser de ninguém, pois cada um é como é e eu só posso desejar que todos sejam felizes como eu também quero ser.
Se é ficando, namorando, casando ou seja lá como for, que seja! É um DIREITO de cada um poder viver do jeito que achar melhor.

Assim como o mundo evoluiu com relação aos direitos das mulheres, aos direitos dos negros, a legalização do divórcio e a volta democracia, espero que meus amigos e tantas outras pessoas possam nascer, crescer, casar e criar outros seres humanos de forma livre e normal.

Ahhh e para quem anda questionando o porquê de tanto estardalhaço em cima das declarações absurdas do tal Feliciano, só posso pedir que faça o exercício de imaginar que alguém que está numa comissão de DIREITOS HUMANOS se pronunciasse contra o SEU MODO DE SER, influenciando pessoas contra o seu modo de levar sua vida, dizendo que você é menor que as outras pessoas e proclamando que VOCÊ não é obra de Deus. Como você se sentiria?

Se colocar no lugar do outro é um exercício difícil, mas esclarecedor.

Pra terminar, só posso dizer que amo meus amigos gays assim como amo qualquer condição que venha de qualquer amigo. Respeito e empatia, simples assim!

A síndrome dos 20 e tantos


(Texto escrito originalmente em 03/03/13)


Daí você está com 20 e poucos anos e então começa a se dar conta de que seu círculo de amigos é menor do que há alguns anos e que é cada vez mais difícil vê-los e organizar horários por diferentes questões: trabalho, estudo, namorado(a) etc. E cada vez desfruta mais dessa Cervejinha que serve como desculpa para conversar um pouco.
As multidões já não são ‘tão divertidas’, às vezes até lhe incomodam.

... Mas começa a se dar conta de que enquanto alguns eram verdadeiros amigos, outros não eram tão especiais depois de tudo.
Você começa a perceber que algumas pessoas são egoístas e que, talvez, esses amigos que você acreditava serem próximos não são exatamente as melhores pessoas. Ri com mais vontade, mas chora com menos lágrimas e mais dor. Partem seu coração e você se pergunta como essa pessoa que amou tanto e te achou o maior infantil, pôde lhe fazer tanto mal. Parece que todos que você conhece já estão namorando há anos e alguns começam a se casar, e isso assusta!

Sair três vezes por final de semana lhe deixa esgotado e significa muito dinheiro para seu pequeno salário. Olha para o seu trabalho e, talvez, não esteja nem perto do que pensava que estaria fazendo. Ou, talvez, esteja procurando algum trabalho e pensa que tem que começar de baixo e isso lhe dá um pouco de medo.

Dia a dia, você trata de começar a se entender, sobre o que quer e o que não quer. Suas opiniões se tornam mais fortes. Vê o que os outros estão fazendo e se encontra julgando um pouco mais do que o normal, porque, de repente, você tem certos laços em sua vida e adiciona coisas a sua lista do que é aceitável e do que não é. Às vezes, você se sente genial e invencível, outras… Apenas com medo e confuso.

De repente, você trata de se obstinar ao passado, mas se dá conta de que o passado se distancia mais e que não há outra opção a não ser continuar avançando. Você se preocupa com o futuro, empréstimos, dinheiro… E com construir uma vida para você. E enquanto ganhar a carreira seria grandioso, você não queria estar competindo nela.

O que, talvez, você não se dê conta, é que todos que estamos lendo esse texto nos identificamos com ele. Todos nós que temos ‘vinte e tantos’ e gostaríamos de voltar aos 15-16 algumas vezes. Parece ser um lugar instável, um caminho de passagem, uma bagunça na cabeça…

Mas TODOS dizem que é a melhor época de nossas vidas e não temos que deixar de aproveitá-la por causa dos nossos medos… Dizem que esses tempos são o cimento do nosso futuro. Parece que foi ontem que tínhamos 16…

Então, amanha teremos 30?!?! Assim tão rápido?!?"

(Autor Desconhecido)
 
"Compositor de destinos
Tambor de todos os rítmos
Tempo tempo tempo tempo
Entro num acordo contigo
Tempo tempo tempo tempo..."

 
E Salve Caetano!

O Big Brother e a hipocrisia social


(Texto escrito originalmente em 26/01/13)

As redes sociais estão cheias de pessoas arrotando arrogância e se colocando como intelectualmente superiores porque não dão ibope para reality shows, o problema é que estas mesmas pessoas são aquelas que quando o pau tá quebrando na casa do vizinho abaixam o volume da tevê só pra ficar sabendo dos bafos ou ficam desfilando com um volume de Cinquenta Tons de Cinza e acham que fazem parte da minoria que lê de verdade nesse país.
Ai gente, desculpa, mas vamos parar de cagar regra!?

Aos queridos que vivem falando mal do Big Brother, mas que estão sempre por dentro de tudo o que acontece no programa, eu só posso dizer que sinto muito que vocês não tenham a coragem de assumir que gostam sim de espiar a vida alheia, coisa que aliás não conheço ninguém que não faça.
Facebook taí e não me deixa mentir.

Reafirmo aqui: GOSTO DE BIG BROTHER! Sempre gostei.
E gosto porque além de me entreter deliciosamente, o programa me traz reflexões a respeito de como as pessoas se comportam quando pressionadas, sabendo que estão sendo vigiadas, ávidas por aceitação e loucas por mudanças de vida - sejam elas proporcionadas pelo dinheiro ou pela fama.
Sem falar sobre as noções sobre manipulação de massa e o poder da imagem.

Aliás, isso não te lembra um pouco como muita gente se comporta no trabalho? Ou será que aquela pessoa certinha, cheia de pontos positivos e que acata tudo de quem é o dono do poder é a mesma aqui fora, na vida real-social?

Ah... É possível fazer tantas analogias com esse programa.

Enfim, pra você que fala que o famoso BBB é um lixo televisivo, eu afirmo que talvez seja a hora de observar as coisas sobre outra ótica e ver que as relações e as reações das PESSOAS são muito mais complexas do que você talvez possa supor e que nem sempre a gente age da mesma forma em todas as situações, afinal hora se é mais ponderado (normalmente quando nos convém), hora se perde a linha e a vida envereda por caminhos não planejados.

Julgue se puder!

E não, assistir o BBB não impede de ler bons livros, ver bons filmes ou de assistir documentários na Discovery.

Um brinde a democracia!

Um Conto de Fadas Contemporâneo


(Texto escrito originalmente em 24/11/12)

Meu ponto de vista sobre a trilogia de E. L. James.

50 tons de cinza
Intrigante, envolvente, desafiador e cheio de nunces conflitantes.
Nos leva a questionar novas possibilidades de prazer. Apimentado!
 
50 tons mais escuros
Mais profundo, com mais história e desenvolvimento dos personagens. Responde muitas questões.
Descobre-se que por trás daquela fortaleza de homem existe uma criatura frágil e cheia de inseguranças. Um ser humano, afinal!
 
50 tons de liberdade
Romântico demais, meloso, repetitivo e com algumas poucas passagens de ação.
O tom do personagem mais intrigante da trama, passa do ponto e a sensação de sufocamento é incômoda. Em alguns momentos você se exaspera com tanto autoritarismo e o que era sedutor passa a ser motivo de irritação.
Chega a ser chato o tanto pequenas brigas que acabam mal resolvidas com sexo.
 
Balanço final:

O bom e velho romance repaginado com pitadas de sadomasoquismo e conflitos psicológicos.
Uma leitura gostosa, que instiga a curiosidade e que apenas no final perde um pouco do brilho por conta dos vícios de linguagem da autora e dos excessos do tão querido 50 tons.

Iniciativa e Acabativa


(Texto escrito originalmente em 05/09/11)

Isto é um teste de personalidade que poderá alterar a sua vida. Portanto, preste muita atenção. 

Iniciativa é a capacidade que todos nós temos de criar, iniciar projetos e conceber novas idéias. 

Algumas pessoas têm muita iniciativa e outras têm pouca. 

Acabativa, é um neologismo que significa a capacidade que algumas pessoas possuem de terminar aquilo que iniciaram ou concluir o que outros começaram. É a capacidade de colocar em prática uma ideia e levá-la até o fim. 

Os seres humanos podem ser divididos em três grupos, dependendo do grau de iniciativa e acabativa de cada um: os empreendedores, os iniciativos e os acabativos - sem contar os burocratas.

* Empreendedores são aqueles que têm iniciativa e acabativa. Um seleto grupo que não se contenta em ficar na idéia e vai a campo implantá-la.

* Iniciativos são criativos, têm mil idéias, mas abominam a rotina necessária para colocá-las em prática. São filósofos, cientistas, professores, intelectuais e a maioria dos economistas. São famosas as histórias de economistas que nunca assinaram uma promissória. Acabativa é o ponto fraco desse grupo.

* Acabativos são aqueles que gostam de implantar projetos. Sua atenção vai mais para o detalhe do que para a teoria. Não se preocupam com o imenso tédio da repetição do dia-a-dia e não desanimam com as inúmeras frustrações da implantação. Nesse grupo está a maioria dos executivos, empresários, administradores e engenheiros.

Essa singela classificação explica muitas das contradições do mundo moderno.

Empresários descobrem rapidamente que ficar implantando suas próprias idéias é coisa de empreendedor egoísta. Limita o crescimento. Existem mais pessoas com excelentes idéias do que pessoas capazes de implantá-las. É por isso que empresários ficam ricos e intelectuais, professores - entre os quais me incluo - morrem pobres.

Se Bill Gates tivesse se restringido a implantar suas próprias idéias teria parado no Visual Basic. Ele fez fortuna porque foi hábil em implantar as idéias dos outros -dizem as más línguas que até copiou algumas.

Essa classificação explica porque intelectual normalmente odeia empresário, e vice-versa. Há uma enorme injustiça na medida em que os lucros fluem para quem implantou uma idéia, e não para quem a teve. Uma idéia somente no papel é letra morta, inútil para a sociedade como um todo. 

Um dos problemas do Brasil é justamente a eterna predominância, em cargos de ministérios, de professores brilhantes e com iniciativa, mas com pouca ou nenhuma acabativa. Para o Brasil começar a dar certo, precisamos procurar valorizar mais os brasileiros com a capacidade de implantar nossas idéias. Tendemos a encarar o acabativo, o administrador, o executivo, o empresário como sendo parte do problema, quando na realidade eles são parte da solução.

Iniciativo almeja ser famoso, acabativo quer ser útil.

Mas a verdade é que a maioria dos intelectuais e iniciativos não tem o estômago para devotar uma vida inteira para fazer dia após dia, digamos bicicletas. O iniciativo vive mudando, testando, procurando coisas novas, e acaba tendo uma vida muito mais rica, mesmo que seja menos rentável. 

Por isso, a esquerda intelectual e a direita neoliberal conviverão as turras, quando deveriam unir-se. 

Se você tem iniciativa mas não tem acabativa, faça correndo um curso de administração ou tenha como sócio um acabativo. Há um ditado chinês, "Quem sabe e não faz, no fundo, não sabe" - muito apropriado para os dias de hoje.

Se você tem acabativa mas não tem iniciativa, faça um curso de criatividade, estude um pouco de teoria. Empresário que se vangloria de nunca ter estudado não serve de modelo. No fundo, a esquerda precisa da acabativa da direita, e a direita precisa das iniciativas da esquerda. Finalmente, se você não tem iniciativa nem tampouco acabativa, só podemos lhe dizer uma coisa: meus pêsames.

Stephen Kanitz é administrador por Harvard (www.kanitz.com.br) 

(Editora Abril, Revista Veja, edição 1572, ano 31, nº 45, 11 de novembro de 1998, página 22)

A mexicanização da namoradinha do Brasil


(Texto escrito originalmente em 06/08/11)

Há tempos tenho observado o modo histérico com que algumas mulheres são retratadas em nossa teledramaturgia, contudo de algumas novelas para cá a incidência desse tipo de personagem vem se tornando tão frequente que chego me irritar com a quantidade de ilustres desequilibradas, ansiosas e impulsivas.


No momento, o que mais me intriga é por que cargas d´água a Regina Duarte precisa tanto fazer caras, bocas, gestos e trejeitos? Será que já não basta o ridículo torcicolo que a faz pender a cabeça toda vez que algo não vai bem com a personagem que está interpretando?


Nossa! É impossível assistir à novela "O Astro" sem se irritar com a maneira charlatanesca com a Regina vem conduzindo sua personagem. 

É um tal de fechar os olhos e fazer aquela cara de louca quando está com raiva, torcer o pescoço para parecer magoadinha, ou ainda andar se esgueirando feito uma cobra para mostrar superioridade sobre outros personagens. 

Isso faz parte mesmo da interpretação?

O que me parece é que há várias novelas vejo sempre a mesma personagem, com apenas nomes trocados.

Cadê aquele talento de só pelo olhar mostrar todo ódio que sente ou ainda mostrar irritação e descontrole sem fazer biquinho ou encher as bochechas de ar?


Fico aqui pensando, será que antigamente o nível de atuação memorável era esse ou hoje nós é que estamos acostumados com uma padrão onde as sutilezas são mais apreciadas do que a enorme falta de delicadeza da tal namoradinha do Brasil?


Parece atriz de novela mexicana, com aqueles dramas enormes e suas "canastrices" peculiares.


Talvez uma solução viável para a intérprete de Clô Hayalla seja viver uma grande e inescrupulosa vilã em outro folhetim. Com direito a dureza de postura e menos melodramas "Helenísticos".

A partida de Amy mostra a cara do que não queremos ver



(Texto escrito originalmente em 23/07/11)

Triste!
A morte de Amy Winehouse reabriu em mim a chaga pulsante da dor por aqueles que sucumbem à droga. A maldita DROGA!

Que sensação horrível de impotência, de que mais uma vez perdemos. 
Porque sim, todos perdemos! Perdemos uma cantora maravilhosa, uma mulher interessante, um talento esplendoroso e acima disso tudo: Um ser humano carente e generoso, que foi tragado pela maldição do vício.

A penosa sensação a que me refiro é a de que até quando viveremos nesse inferno e quantos outros seres humanos ainda se perderão?

Desejo sinceramente que este triste desfecho sirva de exemplo a pelo menos um viciado. Que ele pare e realmente pense sobre o que está fazendo de sua vida.

Já aos que sorriem e dizem: "Ah, já foi. Esquece!", só posso dizer que antes de jogar pedras e fazer escárnio do triste destino de Amy e tantos outros que se foram por conta das drogas, seria interessante refletir sobre o poder do vício na vida das pessoas, pois, muita gente acha que viciado é um vagabundo, sem noção, que na tentativa de aparecer acaba se perdendo. Mas a coisa é muito mais complicada do que parece...

Quantas vezes, ao nos depararmos com alguém que nos balança o coração não nos deixamos levar pela idéia de que "com a gente vai ser diferente", mesmo sabendo que a pessoa em questão é um(a) canalha de marca maior?

Afinal, quem entra numa cilada sabe onde está se metendo, mas mesmo assim insiste. Não para morrer, mas talvez para fugir de coisas com as quais não sabe lidar. Como a carência, por exemplo!

Para mim, as drogas são como paixões transloucadas. No começo levam aos céus, mas com o passar do tempo, trazem muitos dissabores. 
Triste saber que nesse caminho a volta por cima se torna tão difícil.

Afinal, excessos serão sempre excessos.

De Pernas Para o Ar - O filme


(Texto escrito originalmente em 27/06/11)

Uma comédia que mostra as inseguranças, os dissabores, as descobertas e outras tantas questões que envolvem o mundo das mulheres modernas. 


O foco da película está no valor que algumas mulheres dão ao lado profissional, em detrimento de sua vida social e pessoal.

E é exatamente neste ponto que a produção cumpre bem sua função, pois deixa evidente, entre as tantas dúvidas da protagonista Alice (vivida pela atriz Ingrid Guimarães) que não basta tentar ser perfeita no mundo corporativo, enquanto sua vida fora do trabalho está abandonada, seu filho te vê quase como uma estranha e seu casamento está a beira da falência devido a falta de diálogo, companheirismo e é claro, sexo.

Por outro lado, as situações engraçadas do filme passam bem aquém do que se espera, pois os diálogos um tanto clichês, os tombos milimetricamente trabalhados, o excesso de piadas com brinquedos sexuais e um certo exagero nas caras e bocas, o tornam um tanto previsível e fraco em termos de humor.

A sensação que ficou foi a de que algo faltou, que as atuações poderiam ter sido um pouco menos afetadas e mais eficientes no fazer rir.

Típicas comédias americanas talvez não sejam o forte do nosso cinema nacional. 

Quem sabe o humor inteligente e sagaz - como no filme Divã - seja mais o nosso tom de comédia?

Palavra e Poder: Você sabe usar?


(Texto escrito originalmente em 04/05/11)

Às vezes fico pensando no quanto alguns termos, inicialmente utilizados apenas por profissionais de saúde mental, estão sendo colocados de forma leviana.

É tão banal hoje em dia se falar em depressão a qualquer sinal de tristeza ou descontentamento, reclamar de uma suposta bipolaridade quando alguém tem oscilações de humor, dizer que uma criança sofre bullying ao menor sinal de um "chato, feio, bobo" ou até mesmo associar um fato criminoso como obra de um psicopata.

Na verdade, o que não se discute é como alguém que não estudou ou tentou se aprofundar num assunto tão complexo quanto a saúde mental, enquanto desfila seu repertório de "diagnósticos" equivocados, pode acrescentar algo de novo ou realmente ajudar o indivíduo que está em sofrimento.


É uma temeridade observar que a sociedade, com o advento da internet, tenha intensificado os "achismos" e feito de qualquer diferença uma doença, que precisa de cura ou tratamento.


Além disso, é impressionante ver também que a qualquer sinal de conflito são indicados psiquiatras ou psicólogos para "resolver" os problemas que não conseguimos solucionar, como se o profissional pudesse ter o poder de descobrir a fórmula mágica que dará fim a qualquer adversidade cotidiana ou como se o uso de remédios e psicoterapia, por si só, seja capaz de solucionar as mazelas individuais e coletivas.


Há que se conscientizar - e isso eu ainda não sei como fazer - sobre o empoderamento e a responsabilidade de cada um sobre o que o cerca e suas ações, que com certeza, despertarão reações e consequências.

O sublime direito a diferença


(Texto escrito originalmente em 03/04/11)

Inicio este texto com dois trechos da matéria "Preconceito - o meu, o seu, o nosso", publicada neste mês na revista Claudia.

"Sim, eu tenho preconceitos. E você também.
É difícil aceitar que somos politicamente incorretos e que em algum nível há uma intolerância gratuita que insistimos em cultivar. "Não há ninguém sem preconceitos, e a pior armadilha é imaginar que você não tem", diz o filósofo Mario Sergio Cortella. Na visão dele, agimos mal toda vez que rejeitamos uma ideia apressadamente ou aderimos a ela sem antes conhecê-la de fato.
Duas grandes força estão por trás disso: a fragilidade de raciocínio e a arrogância tola, que não compreende a diversidade humana."

"Cortella acredita ainda que, a vida é feita de escolhas e assim, sempre haverá julgamento. " MAS, O JULGAMENTO PRECISA SER EMBASADO EM CRÍTICA. OLHAR O OUTRO BASEADO NO ESTERIÓTIPO REVELA COMODISMO, PREGUIÇA DE PENSAR E IMPEDE QUE SEJAMOS SURPREENDIDOS PELAS VANTAGENS DA DIFERENÇA."


Depois de ler a matéria fiquei pensando sobre o tema e concluí que o que me surpreende é que muitas pessoas não percebem que mascarar ou camuflar o preconceito é completamente diferente de inibir a exposição do que há de pior em nós, A INTOLERÂNCIA A DIFERENÇA.

Por isso, muitos dos que defendem a exposição agressiva do seu modo de pensar dizem que aqueles que tentam manter o bom senso e renegam seus piores instintos, são hipócritas. Porém, estes mesmos se esquecem que todos temos o dever de utilizar a prudência ao expor nossos sentimentos e que os que consideramos diferentes são seres humanos e que como tal merecemos respeito e direito a dignidade.

Além disso, é interessante perceber que ao falar sobre preconceito sejamos remetidos, quase que imediatamente, a homofobia ou ao preconceito racial. O que faz com que as discussões sejam rasas e altamente ligadas a crenças antigas, a religiões e ao senso comum onde as "leis" da sociedade se sobressaem ao direito individual de cada cidadão.

O importante em toda essa reflexão é entender que ninguém gosta de ser discriminado, rebaixado e menosprezado pelo outro, por ser MULHER, GORDO, MAGRO, CATÓLICO, ESPÍRITA, EVANGÉLICO, MUÇULMANO, HOMOSSEXUAL, JUDEU, DOENTE MENTAL, FEIO, BONITO, ÍNDIO, ANALFABETO, MORADOR DE FAVELA OU CIDADÃO DO TERCEIRO MUNDO.

Falando nisso, em qual dessas minorias você se encaixa?

Aprendendo a jogar


(Texto escrito originalmente em 27/03/11)

Pela primeira vez em uma final de BBB me sinto dividida.

São os meus campeões: A doçura inconsequente de Daniel, a falta de pudor de Maria e a educação de Wesley.



Tentando explicar, posso dizer que minha torcida se divide por:



Daniel
Meu veneno antimonotonia durante as madrugadas de festas, com seus porres homéricos, suas trapalhadas desastradas, seu despojamento em se jogar nas situações, por me fazer rir de suas tiradas cheias de time e pitadas de humor negro, por seu poder de observação e por representar exatamente o mínimo que se espera de um reality show como o BBB, o entretenimento, a diversão.



Maria
Foi a grande protagonista do show, mostrando suas fragilidades, esfregando na cara de todos o quanto o ser humano pode ser passional, desequilibrado e sem noção quando se apaixona. 
Perdendo a linha e o respeito a si própria e com isso me deixando louca da vida - talvez por perceber que muitas vezes já fiz burradas e me humilhei por uma paixão que não merecia uma lágrima sequer dos meus olhos - para em seguida me matar de orgulho e ser forte quando, mesmo bêbada, enxergava o jogo feio que seu pseudo amor estava fazendo. 
E então, quando eu achava que tudo estava se acertando, lá vinha ela me fazer odiá-la por ficar pedindo e ouvindo mil opiniões e segundos depois ir lá e fazer tudinho o que tinham dito para ela NÃO fazer. 
Maria, é o retrato das noites em que bêbadas ligamos para nossa paixão por absolutamente nada, apenas para ouvir aquela voz e para, mais uma vez, ser rejeitada em plena madrugada.



Wesley
Ah Wesley... O mocinho educado, gentil, de bom papo, que dá carinho, que ri das nossas maiores tolices, que acha bonitinho quando ficamos bravas, que se preocupa com nossas imensas ressacas e cuida... Cuida sem julgar, sem dar sermão, sem ser o controlador de nossos passos, sem manipular nossos desejos e nem regular nossas mini-saias. 
Ai Wesley... Você conseguiu representar muito bem o papel do príncipe encantado. Sim, aquele príncipe encantado que mesmo sabendo de um possível passado negro de sua amada, aceita, acolhe e a faz assim, feminina, protegida e especial.



Agora eu me pergunto: COMO ASSIM, BIAL? 



Acho que preciso aprender a jogar, a torcer, a amar...

O preço da sedução


(Texto escrito originalmente em 05/03/11)

Bruna Surfistinha é daqueles filmes em que vc vai assistir desacreditando da qualidade e sai pensando em quanto o pré-conceito foi descabido e o filme surpreendente.

A interpretação de Deborah Secco me transmitiu inicialmente, aquele olhar amedrontado e curioso de menina da Raquel, depois a mudança para o ar desafiador de quem sabe o que quer, passando pela inércia do fundo do poço nas drogas e o brilho da esperança e coragem do recomeço.

Gostei muito do que vi! Uma história densa, intrigante, intensa, que seduz, faz pensar e questionar as escolhas de cada pessoa e o preço que se paga pelas situações que vivemos, pelas situações em que nos colocamos e quais as perdas e ganhos do que a gente se dispõe a fazer para mudar e "ser" livre.

O filme me chocou em alguns momentos, mas na maioria do tempo percebi o quanto há de força, inteligência e personalidade naquela mulher.
O quanto a vontade de SER a faz determinada em transformar suas inseguranças em garra e acreditar que consegue. Mesmo nos momentos mais dolorosos, como quando arrasada pelas drogas vê sua vida ruir, seu status despencar e mesmo assim decide continuar e reconstruir tudo para, mais uma vez, mudar de vida.

Não! Eu não faço apologia a trajetória de vida da Raquel, mas sim a capacidade dela em perceber que a gente sempre pode recomeçar.

Ahhh! Contém cenas fortes de sexo, mas que em nenhum momento constrangem por serem APENAS cenas de sexo, mas sim pela ideia de se imaginar na situação onde muitas coisas, dentre elas o dinheiro, se sobressaem aos desejos de Raquel, a pessoa.

RECOMENDO! O filme e o desprendimento de assistir sem preconceitos.

Barack Obama: O rosto de futuro


(Texto escrito originalmente em 04/11/08)

Belíssima, emocionante e histórica a vitória daquele que poderá mudar o destino de todo o planeta, Barack Obama.

Foram inúmeras as ironias desta noite, dentre elas:

* Um país reconhecidamente racista eleger um presidente negro, unindo-se num propósito de mudança, sem se render a preconceitos de cor, credo ou ideológicos.

* Um sujeito com os dois sobrenomes relacionados a grandes inimigos americanos (Saddan Hussein e Osama Bin Laden) conseguir chegar à disputa e se eleger de forma tão eloquente.

* A esposa e a filha mais velha vestidas de vermelho no primeiro discurso de Obama, justamente a cor do maior opositor do presidente eleito, o partido republicano.

* A vitória de um homem relativamente jovem e com uma história política curta e - até o momento - extremamente voltada para os interesses do povo e das minorias.

Foi muito bonito ver a emoção estampada nos olhos de Obama, sua gratidão aos que fazem parte de sua história, aos que fizeram desta a maior campanha eleitoral já executada em todo o planeta e principalmente a declaração de amor aos EUA e ao povo americano.

PATRIOTISMO
O comparecimento maciço dos eleitores para a votação e o choro do reverendo Jesse Jackson e dos muitos americanos presentes em Chicago, durante o discurso de Obama, foi uma incrível demonstração de respeito, preocupação, luta e esperança.

Muitos de nós falamos mal dos EUA e de sua gente, mas uma coisa ninguém pode negar: Os norte americanos AMAM seu país e lutam para que possam ser sempre uma nação forte, equilibrada e vitoriosa.

Foi uma lição de cidadania, respeito e dedicação!

MUDANÇA ??? YES, WE CAN!

A robotização do proletariado simbolizando o Capitalismo.


(Texto escrito originalmente em 26/10/08)

Logo início do filme “Tempos Modernos”, visualizamos um grande número de pessoas andando num mesmo sentido e podemos observar a utilização da grande massa como meio maior de propagação do capitalismo, indicando que havendo uma robotização do modo como as pessoas enxergam os processos em que vivem se torna mais fácil à execução de estratégias sociais e econômicas, por parte da burguesia, gerando assim a alienação em que as sociedades modernas estão acostumadas a viver.

A alienação profissional a que o personagem de Chaplin é submetido nos revela o quanto somos cobrados pela unidade e produtividade, ao passo que a classe patronal, muitas vezes, se diverte enquanto observa se os resultados esperados estão sendo cumpridos e onde mais é possível “enxugar” para poder produzir e gerar mais e mais resultados, colocando seus interesses em primeiro plano, em detrimento do bem estar social.
Aliada a isso, a falsa idéia de liberdade e controle que temos sobre nossas escolhas, nos faz ter a impressão de igualdade entre todos, o que na verdade não passa de mera ilusão, visto que não podemos nos apropriar da riqueza que produzimos, nem de opinar sobre nossas condições de trabalho (vide horários, funções e formas de produção) e muito menos de obter os valores de uso à que tanto lutamos para obter.

A questão central do filme mostra-se justamente na idéia de que o proletariado é usado como se fosse parte de uma máquina, onde sequer tem o direito de pensar sobre o que está fazendo e para onde vai aquilo que produz, sendo que a exploração de sua força de trabalho lhe faz praticamente parte da máquina que opera, chegando mesmo a exaustão.
Toda essa automatização faz com que o homem perca a noção de vida real, colocando sua integridade física e psíquica em risco, enquanto o proprietário da indústria não lhe dá nem o direito ao descanso, considerando que isso causa prejuízos e é perda de tempo, inclusive tentando utilizar-se de tecnologias cada vez mais avançadas para manter seus funcionários ocupados, mesmo enquanto comem.

A produção em grande escala e a utilização da mão de obra se torna tão mecânica que o funcionário passa a produzir e repetir os processos de forma ininterrupta, causando um estresse mental a ponto de ser enviado a um sanatório.
Quando se recupera, ele tentar voltar ao antigo emprego e verifica que este não existe mais, sentindo-se perdido, ele vaga pelas ruas e em meio a uma manifestação acaba sendo confundido como líder grevista, o que foi prontamente classificado como um avilte à burguesia e prontamente rejeitado, e vai preso.

Essa forma brutal e compulsiva de não permitir que as pessoas tenham direito a escolhas ou que achem que tem, produz alguns dos efeitos que vemos todos os dias em mais e mais lugares... desemprego, fome, miséria e loucura.
Àqueles que se rebelam e tentam fugir dessa padronização, restam a marginalidade, a exclusão e/ou a mais completa solidão.